Queridos,
Aí seguem algumas ponderações a mais sobre o texto de André e Angie, sobre a questão da plasticisdade em Cartier-Bresson e Verger. Detenho-me agora sobre a discussão acerca das escolhas temáticas dos dois fotógrafos. De saída, me parece que a definição mesma de que as temáticas sejam de algum interesse aqui é que me parece suscitar questões: não me parece que a temática de ambos seja algo a que o texto de vcs. deva se dedicar à parte, mas apenas o pressuposto sobre o qual definem o objeto mesmo da reflexão que pretendem, a saber, as matrizes plásticas do discurso visual (as tópicas humanas são apenas o dado de parâmetro para a comparação entre as diferentes abordagens de cada um deles).
Nestes termos, me pareceria mais interessante destacar na definição deste tema comum a ambos aquilo que faz ressoar em cada um deles o viés do etnólogo e o do repórter, e o modo como os operadores da plasticidade podem nos auxiliar na percepção dessas diferenças (por exemplo, o modo como se aproximam ou distanciam dos temas humanos, como valorizam a singularidade étnica dos motivos ou sua generalidade exótica). A mim parece que estas questões mereceriam um ataque da análise, desde seu início, pois a mim parece que vcs. antecedem a abordagem da questão central do texto de muitos pressupostos que vão sendo detalhados até o ponto em que o objeto mesmo já se dissolveu na leitura.
Neste caso, sugiro que esses primeiros párágrafos abordem a questão da temática, mas apontando expressamente a relação entre estas e o propósito mesmo do texto, a saber, chamar a atenção para a dimensão da plasticidade, como traço da estilística e da discursividade visual, própria ao trabalho de ambos.
O início da análise dos aspectos diferenciais deabordagem dos dois fotógrafos não me parece suficiente, à luz daquilo que adota como parâmetro de distinção: decerto que nos exemplos adotaos, a questão da distância e da proximdiade é um aspecto que se destaca como elemento de diferenciação, mas será que sua significação é aquela atribuída na interpretação de vcs., necessariamente (a saber, a distância conotando generalidade, a proximidade significando individuação dos motivos)? Tenho sérias dúvidas quanto a isto, porque há outros momentos em que esta mesma diferenciação acontece (invertidos os polos de Verger e Cartier-Bresson) e sua interpretação pode variar enormemente.
Acho que vcs. deveriam se restringir àquilo que auxilia a pensar a relação entre as operações no plano da plasticidade e a configuração do sentido discursivo próprio a essas imagens: não se esqueçam, por exemplo, que quase todas elas foram realizadas no contexto da cobertura de acontecimentos, festas e ritos e é isto que ajuda a enquadrar os variados níveis da sensibilidadede cada um doeles com respeito às potencialidades da operação com oa fotografia. Em termos, deve-se perguntar: como é que o homem emerge como assunto fotográfico, uma vez que se valorizam tais ou quais elementos de sua tematização fotográfica?
Para não avançar em excesso, páro por aqui hoje. Amanhã tem mais.
Ad,
Benjamim
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